Um Pote de Ouro



entretanto escrevo, com o bico das minhas penas gasto
a minha tinta é o barro do meu terreno, no sopé do Caldeirão
sublinho arrancando rosas velhas, sublimo a tua ausência.
Vi os frutos das videiras num cabelo muito escuro
Regava com carinho ao sol posto as sobras de Maio.

Sempre procurando respirar perante as mãos estendidas
majestosos troncos cheios de seiva e sábia compaixão
profundo na serra, junto dos cactos selvagens, de uma velha ruína
depois da vigésima curva atravessando um silvado emaranhado
encontrei um antigo pomar de romãzeiras agora livres dos homens
cheias de bicho suas flores vermelhas prometendo
matar a sede a quem nunca as encontrar.
Lá posso ser eu apenas eu, despir-me do cansaço
sentir as mãos da terra firme segurando o peso de minha cabeça.

Ju

fotografia de Carlos César Pacheco


3 comentários:

Lídia Borges disse...

Há lugares assim onde se pode estar muito bem!
Bonita prosa cheia de salpicos de boa poesia.

Cumprimentos

Texto-Al disse...

gostei mt deste:) inspirou-me;)

T.

Thiago Gonzaga disse...

A leitura foi ótima. Inspiradora mesmo.