Lentamente














De automóvel regresso pela costa,
dando uma grande volta.
Vale a pena alargar o céu,
a tibieza do ar.
Ocasionalmente levanto a mão
e peço aos carros
que me ultrapassem.
Alguns condutores buzinam,
repreendendo a minha lentidão.
Ignoram que os lentos não decidem
o seu ritmo,
e desconhecem que se pode
andar mais depressa.
E que ao colocar a mão para fora da janela,
eu decido o meu tempo.


um inédito de Rafael Camarasa
com tradução livre de Tiago Nené

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