Cinco Anos

A cidade é a mesma. A cidade sempre fora a mesma. Mas a seus olhos, a perdição era cortante. Só quando estavas prestes a desmaiar novamente, é que entendeu que podia voar, sendo esta a única forma do meu encontro. Percorreu sete céus assim como eu raptei sete mulheres, em busca de um cheiro.

Percorreu-os como se fosse a última coisa que fizesse enquanto vivia, até que se sentiu exausta. Desceu e voltou ao seu quarto. Quis vomitar o que bebera. Pressionou o vómito e fui obrigado a sair. Só então entendera que eu era a própria estrela e que todo este tempo estava dentro dela.

«Porque nunca me sentiste dentro de ti? Não notaste a tua pele macia como veludo e os teus cabelos com um brilho incandescente? Em que outros dias da tua vida tiveste a liberdade de voar?» Rita debruçou-se no chão e sorveu novamente o que expelira. Entrei nela. Fechou os olhos para ver melhor e abriu os braços preparando o voo. Antes de saltar pela janela ainda disse «Pois agora estarás comigo no mergulho pelos céus, e na eternidade embarcaremos. Não levarei objectos nem jóias. Ferve-me o ventre e será este fogo a minha herança, que agora também te pertence. Voarás comigo, e quando me sentir exausta, desceremos ao cume de todas as cinzas, e iremos adormecer suavemente.»

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