o amor
estraga tudo;
estraga o sexo
cansa o entendimento
e deixa pálida a pele
faz dos olhos um móvel
e da cama outro móvel
- uma coisa de cada vez –
o amor mata o flirt
mata o sarampo
e mata o olhar caprichoso
e dirige a moral
até inclinações desconhecidas;
o amor
estraga tudo;
enrouquece a voz
desfaz os planos e as vistas panorâmicas
e enche o café de tropeções
e de nervos desbocados as veias
o amor acalma o mar e as paisagens mais dóceis
deixa planas as planícies
e derruba a mais feroz verga;
o amor
estraga tudo
cobre-te os olhos
e entre cortinas e persianas
esqueço de mim mesmo,
os rios são ainda os rios,
Eduard Escoffet
(tradução de Tiago Nené)
1 comentário:
"Beija-me com os beijos da tua boca! Os teus amores são melhores do que o vinho, o odor dos teus perfumes é suave, o teu nome é como óleo perfumado a escorrer, e as donzelas enamoram-se de ti..."
Cântico dos Cânticos (1, 2-3)
[caruncho]
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