ACTO II
{ao Adriano Narciso porque}
Quando morrem pessoas / as ervas crepusculares nascem
Quando morrem pessoas / as ervas crepusculares nascem
da sua memória, / descem até nós,
roubam-nos água dos olhos
roubam-nos água dos olhos
só depois do corpo todos os actos são livres}
alguns eternamente livres}
outros sempre o foram} alguns não inteiramente}
outros, nascituros, nascem}
alguns, concepturos, regressam}
talvez um outro corpo nasça através
da prisão-corpórea do acto}
talvez um acto iniciado e não consumado {e depois exaurido}
ajude à continuação de um início paralelo.
mas talvez só o último acto seja livre e ainda caminhe magro
num caminho infinito e itinerante} depois da
respiração mordida } da hélice do coração -
{depois do corpo
como todos os actos intensamente livres.}
inédito
fotografia de Paulo César
2 comentários:
que imagens intensas, que beleza de poesia. grande poeta, sylvia.
abraços
Muito obrigado pela atenção ;)
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