Exercício de memória depois da queda

Quando nos vamos embora,
descemos pelas margens da água
e sorvemos o céu molhado com palhinhas.
A nata que desce dos rios connosco
tem o branco diamantino
das pérolas oceânicas.
As sereias nadam entre sinapses

[ouvem-se os aplausos]

Quando saímos da cena
O pano cai
(pano, caí!
o pano assiste à vida toda e só cai)
e somos bastidores
a melancolia do terceiro acto,
a vida em espelhos de maquilhagem, lágrimas privadas
que correm e abrem afluentes
Ramais.

E nós caímos,
O pano cai e caímos
como planetas presos às paredes de um quarto de um miúdo
como os planetas são tão pequenos aí! O universo num quarto.
E os rios seguem-nos,
E o branco, a nata, as sereias caem,

O mundo cai quando caímos.


Adriano Narciso

2 comentários:

EDUARDO POISL disse...

"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha
é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha
e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si
e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova
de que as pessoas não se encontram por acaso. "

Charles Chaplin

Abraços com uma linda semana cheia de amor e paz.

Rui disse...

Ergamos o mundo.