Tudo me lembra de ti. É nesse momento que tenho a absoluta certeza que querer esquecer é a maior garantia de recordar. Recordar para sempre. E eu que queria adormecer por uns tempos, de repente, aqui, perdida, inerte, novamente imbuída em pensamentos. Tão inútil como todos nós.
E as minhas mãos, meu amor, são apenas as minhas mãos. Não servem para salvar vidas nem para acolher esperanças. As minhas mãos, meu amor, às vezes são apenas dois becos rumo ao medo, de encontro à solidão.
Mas tu nunca me perguntas se tenho medo.
E eu tenho. Tenho tantas vezes.
Olhas-me apenas. Queres dizer-me que posso chorar, que não devo envergonhar-me. Mas não dizes. Não dizes nada.
Sentas-te e colocas as mãos sobre a face. Choras.
Pergunto-te se podemos chorar os dois.
Acenas afirmativamente e em segundos lá estamos os dois abraçados no nada.
Isa Mestre
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