Homenagem a Carlos Paião, porque sim.

Sou suspeito para falar desta música, mas como não são necessárias datas especificas, venho por este meio prestar um tributo ao cantor natural da cidade de Coimbra, Carlos Paião, enaltecendo toda a sua musicalidade e poesia tão precoce e valiosa para o nosso país e cultura. Morreu cedo, mas a sua imortalidade está nas pessoas, nos discos, nos ouvidos e sorrisos de muita gente quando ouve algo que lhe é relacionado. Um bem Haja. Sou português, Viva a música e poesia portuguesa.


Carlos Paião: vinho do Porto.




Letra:

«Primeiro a serra semeada terra a terra
Nas vertentes da promessa
Nas vertentes da promessa
Depois o verde que se ganha ou que se perde
Quando a chuva cai depressa
Quando a chuva cai depressa

E nasce o fruto quantas vezes diminuto
Como as uvas da alegria
Como as uvas da alegria
E na vindima vão as cestas até cima
Com o pão de cada dia
Com o pão de cada dia


Suor do rosto pra pisar e ver o mosto
Nos lagares do bom caminho
Nos lagares do bom caminho
Assim cuidado faz-se o sonho e fermentado
Generoso como o vinho
Generoso como o vinho

E pelo rio vai dourado o nosso brio
Nos rabelos duma vida
Nos rabelos duma vida
E para o mundo vão garrafas cá do fundo
De uma gente envaidecida
De uma gente envaidecida


Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o nosso mar
Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o desconforto
Para o que anda torto
Neste navegar

Por isso há festa não há gente como esta
Quando a vida nos empresta uns foguetes de ilusão
Vem a fanfarra e os míudos, a algazarra
Vai-se o povo que se agarra pra passar a procissão
E são atletas, corredores de bicicletas
E palavras indiscretas na boca de algum rapaz
E as barracas mais os cortes nas casacas
Os conjuntos, as ressacas e outro brinde que se faz

Vinho do Porto vou servi-lo neste cálice
Alicerce da amizade em Portugal
É o conforto de um amor tomado aos tragos
Que trazemos por vontade em Portugal

Se nós quisermos entornar a pequenez
Se nós soubermos ser amigos desta vez
Não há champanhe que nos ganhe
Nem ninguém que nos apanhe
Porque o vinho é português»


Este tema musical esteve presente no Festival da RTP em 1983. Os trocadilhos nas palavras, as referências para o Portugal de então (muito actual a visão), recorrência a repetições para dar ênfase a determinado verso, a alusão a mensagens a favor de qualidades morais - tudo faz desta musica e de muitas outras deste cantor, um exemplo para todos. Quis partilhar convosco algo que gosto, simplesmente.
Cumprimentos literários.
G

2 comentários:

Anónimo disse...

Lirica excelente e boa composição musical.
Obrigado por partilhares.
Recordar é viver.

Gavine Rubro disse...

Olá. Podes crer que sim.