[cinco e vinte]

Normalmente não desisto das pessoas. Acredito em segundas chances. Sei que não se pode fazer tudo bem à primeira. Sei que nem tudo se deixa fazer bem à primeira.
Confesso que ainda cheguei a acreditar em ti, que não quis desistir logo. Depois veio o medo e com ele a raiva. O facto de não puderes olhar para ti fez com que tivesse medo que também eu, um dia, não conseguisse olhar para mim.
Tu ainda não sabes mas tens medo. E continuas com medo de ter medo mesmo quando já o tens.
Olhas-me. Procuras sempre as palavras que doem mais.
Não te contentas em ficar por ali naquela demonstração oca de insensibilidade.
Eu vim. Os outros ficaram. Já não acreditam em ti. Há muito que disseram adeus às segundas chances. Mas eu vim. E é precisamente por isso que me odeias. Porque não me deixo comer pelo medo, porque as palavras que te assustam não me fazem frente.
Para dizer a verdade gostava de puder gostar de ti. Gostar de ti com a mesma sinceridade com que gosto daqueles que não viram as costas à luta, dos que não são cobardes.
Dizes-me qualquer coisa sobre a pressão e eu penso como será dizer-te que quando me falas é como se te visses.
Nua. No meu olhar, na minha crítica, na mais simples observação.
Eu sei que tens frio. Porque as minhas palavras te despem e a ausência de outras te tornam cada vez mais só.
Não tenho pena de ti.
Repito. Não tenho pena de ti. Tenho vergonha de já não puder ou já não conseguir acreditar naquilo que és.

Isa Mestre

2 comentários:

Carla Diacov disse...

muito bom...!
tenho pena de não conhecer a pena de ti...


beijos seguindo-te!

Isa Mestre disse...

obrigada Carla. Haverá muitas penas de ti por esse mundo fora...