Boca de Som







Antes de mais nada não trazer as mãos.

E aproximá-las da boca formando um búzio

Nos confins do tímpano.

Adormecer se houver sangue no rés

Da tua boca ao cérebro do palato.

Sujar lábios de bruços na cascata

Que forja o ar das costas e rente ao

Fosso dos pulmões.

A teta que descai no lado mais aflito é

Agora a tua concobina pobre: será

Ela a elevar os músculos à produção

De marfim (tempera o ar

Não deixes que rase que destape

O prumo a rosa do nariz)

De manhã

A polpa é um musgo a fazer-se de árvore

No chão que dorme.


Rui Costa, in A nuvem prateada das pessoas graves (quasi)

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