Maria do Sameiro Barroso é a grande vencedora do Prémio Internacional Palavra Ibérica 2009 com a obra Uma Ânfora no Horizonte. O júri, constituído por Casimiro de Brito, Fernando J.B. Martinho e Manuel Frias Martins, aconselhou ainda a publicação da obra Labirintos Cruciais, de Paulo Renato Cardoso.
Conhecendo a autora como conhecemos, consideramos este prémio muito bem entregue. Eis um poema de Maria do Sameiro Barroso:
Assim trabalharei a mão, o linho, o cristal paralelo,
os violinos de Dvorák.
Pelos gumes da linguagem, um tecido frágil do lado
da pobreza
dizendo o caminho nómada, a candeia de cinza.
Algures, um coração ardente, um homem que escreve,
um rosto imóvel, apesar,
no silêncio abnegado, denso e radical.
E mergulho nesse dizer aparente, amplo e subjectivo,
erguendo lírios, teias rarefeitas,
loucos interstícios, pelo magma luminoso,
onde o ouro inacessível se propaga,
pelos pórticos de melancolia,
o tempo desconexo percorrendo o caminho das esfinges,
a terra febril,
dizendo as aves, o orvalho e as feridas inteiras,
como violinos,
na extensão dos seus arcos, das suas células secretas,
erguendo o cristal prospectivo,
a chuva, o turbilhão,
caminhos de mel, meteoros de água.
Poema Os violinos de Dvorák, do livro inédito Idades Sonâmbulas
Update: outros poemas da autora [aqui]
[tn]
5 comentários:
n sei bem porquÊ mas faz lembrar herberto hélder
talvez pelo verso curto e longo na mesma estrofe.
um abraço, "anónimo".
gostei muito...
http://www.arte-e-ponto.blogspot.com
Escervi o texto, pensando em Herberto Helder.
Agradeço muito ao Texto-Al a divulgação do prémio e o gosto pela minha poesia.
Um abraço poético
Maria do Sameiro Barroso
Logo vi! saudações farenses e bom trabalho xD
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