Um poema da poetisa espanhola Carmen Camacho - Definitivamente Vermelho
DEFINITIVAMENTE VERMELHO
LEVOU TEMPO A DESFAZER-SE das canções
que falavam do azul,
dos amores seus que tudo viam azul, do azul das moscas,
do sabão, dos lençóis às bolinhas e de cortesia,
de toda a poesia que sugere o azul. Do azul. Sonhava
melhor o ciano, mas também não.
Quando ela, que haviam proclamado marina
e celeste, da cor da pupila encravada do insuportável gato
triste, finalmente decidiu
pronunciar vermelho, um vermelho menta e avecrem,
e viu - já o sabia-
que nada nem dentro nem fora nem entretanto era
da cor plástica dos cavalos expressionistas,
disse:
Há coisas absolutas, esta o é decerto.
Definitivamente Vermelho.
Não mais concedo. E concluiu: quem não está comigo
contra mim está.
Foi então que ele se atreveu a falar-me, pela
primeira vez, da voracidade habitual, terapêutica e desequilibrante,
das minhas palavras vermelho escuro.
Carmen Camacho
Tradução de Tiago Nené
Foto: Tiago Nené e Carmen Camacho
(Punta Umbría, 2 de Maio de 2009 - Edita/Palavra Ibérica)
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4 comentários:
Gostei do Vermelho..
mas o azul ainda resiste em mim!
aiai...
bjs
Já não há paciência para a "poesia das cores". Apre.
Desculpe a ousadia mas gostaria de o convidar para o lançamento do meu livro.
A autora Conceição Bernardino e a Editora Mosaico de Palavras, têm a honra de convidar V.Exas. a estar presente na sessão de lançamento do livro “Linhas Incertas”, que terá lugar no próximo dia 30 de Maio, pelas 15.00 horas, na Casa Museu Teixeira Lopes, na Rua Teixeira Lopes, 32 – V.N.G (perto da Câmara de Gaia).
Prefaciado pela Doutora Goreti Dias
Os textos de Conceição Bernardino não escapam à descoberta de um determinado ponto de vista, ou seja, ao inevitável pressuposto de um sujeito, já que não existe uma análise absolutamente neutra, sem indivíduo. Cada poema é uma situação de comunicação em que a subjectividade dá lugar à apresentação claramente incisiva de alguém que gira nas esferas de valores observadas e colhidas na sociedade, ciência, moral e arte, a reflexão de um acto de conhecimento da autora em contacto com o mundo real, as suas injustiças, guerras e desamores. (…)
A poesia de “Linhas incertas” tem uma força imagética que nos roça a pele e penetra a carne, uma magnitude que, poesia dentro, se faz a cada verso mais crua, mais real. A presença de predadores na esquina dos desprevenidos, dos simples e dos desprotegidos! Da passividade à actividade, o sujeito da enunciação instiga “Crentes do nada, do vazio, levantai a cruz,/que a morte cala todos os dias...” em “ Sexta-feira Santa”; as palavras oferecem-se à partilha da dor: “Sou um pedaço de carne/que atiram aos cães”, em “Retirem-me estes cadeados”.
A apresentação da obra será feita pela escritora Rosa Maria Anselmo
http://www.mosaicodepalavras.com/Home
o vermelho suscita
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