Bosques a arder















Levo flores desfeitas.
Dou-tas.

O acto de receber activa
explosões de cor,
vivas divergências cromáticas que
acentuam o caos tumoral
que se ramifica e nos sorve.

Somos duas maçãs presas
a árvores lancinantes de pressa,
construídas ao acaso
pelo livre arbítrio do homem.

(acto contínuo, choras
lágrimas calcificadas,
pareces uma estátua zangada com os pombos)

Sem medidas,
somos todos os dias flores,
agrestes sentimentos calvos.
Velhos que se redundam,
que coxeiam e são agraciados
pela nossa comiseração
(máscara da denúncia à inutilidade)

Adriano Narciso

1 comentário:

Úrsula Avner disse...

poema de profundidade lírica em versos bem estruturados. Um abraço ao autor e demais integrantes do blogger.