Perguntaste-me,
- Há quanto tempo não escreves?
Sorri.
Por dentro: o frio, o medo, a dor, talvez a tristeza.
Não sei.
Um incêndio a deflagrar em pleno inverno,
Uma borboleta presa nas mãos de uma criança,
Um terramoto com epicentro aqui, mesmo aqui.
Aqui onde nasço e morro todos os dias.
Aqui onde me disfarço sem que percebas,
Onde choro com lágrimas invisíveis e sorrio com palavras breves.
O sismógrafo cada vez mais agitado,
O coração a querer morrer, lentamente, nessa valsa de amor e ódio,
E depois disto, só as palavras, apenas as palavras.
(- Sinto-me vazia.)
E o ar a encher-se novamente de parágrafos sem que consiga agarrar nenhum deles.
Isa Mestre
2 comentários:
Bonito, muito bonito Isa. E intenso, intenso como o bloqueio que nos impede de espelhar cá para fora tudo o que nos aflige e que acolhemos no silêncio de nós próprios.
adorei:)
mt sentido, Isa. estás de parabéns.
Tiago
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