Chuva de Verão.


Cai uma combativa
Chuva, num verão
De morte nos céus
E de sombras nuas
Nas ruas.

Estão mudas.
Vestem a razão
Das horas,
Perdendo-se
Na sua ausência.

Corro pelos
Labirintos cilíndricos
Das tabernas,
Rolando na incerteza
De um palpite,
Ou vários.
E com o aroma
Do vinho ou, do
Que a minha ignorância
Não me deixa dizer que seja,
Camuflo o cheiro
Que de ti ainda
Me resta.

Vagueio como
Um cretino sem nome,
Queimando vingança
Nas palavras de quem
As diz como quero ouvi-las.
Em análogos encontros
Onde estranhos se cruzam
Inconscientes de si mesmos
E partilham a sua única crença:
- A vida não presta.

Bebo,
Saio,
Entro,
Bebo
E volto a sair.

E toda a beleza das coisas
Se encontra nas sábias mãos
Dos velhos que jogam
Cartas como se o mundo
Acabasse amanhã.
Os seus cabelos brancos
São afinal mais claros
Do que a minha alma
E, num dia vestido
De um cinzento que se mexe,
Em quem mais poderia acreditar?...


3 comentários:

Lídia Borges disse...

Um vaguear sonâmbulo entre palavras com aromas e tons sombrios, dispersos na chuva combativa de verão.

Bonito!

L.B.

Mikas disse...

Bom fim de semana, prolongado e cheio de versos de sol e sorrisos

Ira Buscacio disse...

Melancólico... como que extrai do peito, um suspiro de saudade.

Bjs