Definições - um poema de Sylvia Beirute




















DEFINIÇÕES

{então que é verdade que a definição se esgota  no rosto
que é o seu rasto} e quanto maior o rasto, maior a /probabilidade/
de se esgotar, em maior número as escolhas {e dentro delas
as pessoas,} as pessoas que mudam, que ainda não sabem,
diferenciam, prescindem, imprescindem}. {eu} realmente
gostaria de dizer algo agora, {mas os dias são transfusões de dias},
de plasmar definições e, dentro delas, significados profundos, ousar
escrever as palavras {completidão} e {perfeitude}, tocar
no fulgor abstracto das histórias futuras, das radiações de um
abraço nas repetições tumefactas da espessa mudez,  reconhecer
a transversalidade de todo o tempo. {e então que este princípio
de poema me diz que devo parar aqui, aqui onde um rasto não
começa, onde um significado não acaba, todas as definições estão
ainda encarceradas no seu primeiro infinito, onde uma bruma passa
no exacto momento em que os corpos abrem.}

inédito

1 comentário:

Úrsula Avner disse...

belo texto poético ! Um abraço

Úrsula Avner