{para a Sara,
porque os comboios acabam por parar onde queremos}
Os comboios andam sempre,
mas vagarosos,-
ténues como fumo de crematório,
fugazes-
quando há saudade.
Porque,
a saudade interfere como meteorito
na mecânica.
Oxida,
tolda-nos o pensamento como vendas nos olhos.
Toda a ciência,
sobretudo a Física,
devia estudar os efeitos da saudade.
Devia analisar a saudade como analisa átomos
(que são tudo, um espaço de matéria) porque
a saudade interfere na própria concepção do átomo.
(Um comboio que chega a horas atrasa-se,
quando há saudade);
Os comboios param sempre (a horas, atrasados ou descarrilados)
vivem na obrigação marcial do tempo e da Física –
chegam-nos, vemo-los.
A saudade anda sempre em nós, nunca chega e está lá,
É o tempo, a obrigação marcial do tempo.
Adriano Narciso
6 comentários:
Hoje descobri que além de tudo que a saudade me aumenta a pressão arterial.
Muito se diz de Saudade. Todos [acredito] a adquirem ou trazem como elemento.
Aqui, chama-me atenção a beleza da imagem que escolheste, assim como as precisas palavras [embora o tema tenha tanta imprecisão].
Um poema de quem sabe [da escrita e da saudade].
beijo,
El
...Um comboio que chega a horas atrasa-se, quando há saudade.... Obrigado Adriano por teres a capacidade de fazer o que a física ainda não conseguiu .Um beijo
Hoje passando para ler este lindo poema e desejar um lindíssimo final de semana.
Abraços com todo amor e carinho
Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá.
(Charles Chaplin)
Concordo, seria interessante estudar os efeitos da saudade. Mais um belíssimo poema. Abraço.
Poems fantástico...daqueles que abalam de um coração ao outro. Lineares como flechas. É aqui que esquecemos perspectivas telegráficas e orquestrais, axiomas, e todo um conjunto de coisas que afinal não serve para (quase) nada.
Abraço
Isa Mestre
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