Um poema de Sylvia Beirute - Premissa de Tempo














PREMISSA DE TEMPO

começo onde acabas, ou onde estás quase a terminar, ou ainda
onde já acabaste mas tens uma palavra a dizer.
começo onde acabas e acabo onde acabas ou numa
das outras hipóteses. } sou exígua e o meu tamanho
varia consoante as tuas premissas de tempo.
neste lugar a respiração é imaginada e assim queimada
pelo sol, o meu corpo assim apaziguado ouve uma
sombra exaustiva e perpétua como o outono caótico
dentro de um sonho infinito. um dia, quando atingirmos
o ponto zero, começaremos de novo a existir, sem que ninguém
comece ou acabe onde o outro comece ou acabe,
e, sobretudo, sem que haja palavras que falem.

inédito

2 comentários:

Anónimo disse...

Maravilhoso poema. Parabéns e obrigada pelo privilégio de poder ler essa jóia.

Anónimo disse...

Gostei!
Acho q por momentos perdi-me nas palavras e reecontrei-me no meio do texto.

Índia