POEMA AOS AMANTES
[aos amantes]
tão vazia a cidade mas tão próxima
de nós,
veios respiráveis dentro do ar que se fixa à nossa volta,
janelas contra janelas
da vida do silêncio ferido, cenático, errático,
e depois o branco, o mesmo
branco das
ocorrências que esfriam o sangue.
tão vazia a cidade, tão fria em nós,
tão leitura contínua sobre
a viagem de uma narrativa em que somos
personagens
para trás, atrasadas ao nosso final.
Tiago Nené
in Geração Wicca
(a publicar em 2055)
Nota do autor: depois de escrever este poema, lembrei-me de uma música que não ouvia há muito. Apetece-me partilhar.
5 comentários:
tão cedo nao me liberto deste poema.
a imagem final, a de que os amantes são os que chegam atrasados ao seu próprio final, está brilhante.
cada vez estás melhor.
beijoca
Lindo, lindo, lindo.
abraço
Grande Tiago,
Excelente poema, sem dúvida, com um elevado nível de poeticidade. A fazer lembrar o muito contemporâneo Emmet Bloomwall e também um pouco de Sasha Grey ou Brandy Talore.
Um abraço deste seu admirador.
A Brandy Talore é mais parecida com José Miguel Silva, julgo eu, com o seu dom para a oralidade e o complexo de electra meio assumido. Aquele poema do canalizador é soberbo. Mas sim, as pontes entre este poeta e Sasha Grey são óbvias.
Depurado, excelente.
abraço
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