Um poema da poetisa espanhola Nuria Mezquita de Haro - Sou Estrangeira













SOU ESTRANGEIRA

Jamila:

Nasci no sul,
mas quando era pequena transferiram o meu pai para o norte,

ali vivemos pelo menos dez anos, e depois

transferiram o meu pai para oeste e

ali estivemos pelo menos dois anos.
Depois transferiram o meu pai de novo para o norte

e no norte vivemos uns cinco anos,
e então transferiram-no para este
e ali, a este, foi onde o meu pai morreu.
Então voltámos ao sul para enterrá-lo,

mas aqui não havia terra
e por isso fomos ao norte
pedir terra,
e lá nos deram um pouco.
De oeste nos mandaram vários sacos

e de este também nos enviaram uns quantos.
E assim pudemos enterrar o meu pai,
com a terra de alguns,
na terra de todos,
na terra de ninguém.

Nuria Mezquita de Haro

Tradução de Tiago Nené

6 comentários:

Rui Torres disse...

uma bela preciosidade este poema.

Luisa disse...

que belo poema
adorei.

>-)

abços.

a.m. disse...

Desde oeste?
Desde este?
Desde?

Texto-Al disse...

obg pela chamada de atenção, a.m. tem toda a razão.

Tiago

EDUARDO POISL disse...

"Não sou como a abelha saqueadora que vai sugar o mel de uma flor, e depois de outra flor. Sou como o negro escaravelho que se
enclausura no seio de uma única rosa e vive nela até que ela feche as pétalas sobre ele; e abafado neste aperto supremo, morre
entre os braços da flor que elegeu."

( Roger Martin)

Passando para de desejar um final de semana com muito amor e carinho.
Abraços do amigo Eduardo Poisl

Hugo Milhanas Machado disse...

Muito!