Punctum
















Céus trespassados por lâminas
incautos cérebros azuis, escarlates,
são crianças que choram
ao sabor da espada aérea,
que desce e enviesa na terra fértil.

Significados aleatórios
rolando por toda a parte.
Barthes chora por isto,
por não poder assistir incrédulo
a tudo isto.
pontos ministeriais que captam a retina
movem-na até esse ponto central,
focal.
focam-na!

Crepúsculo esvaído em sangue
que no acto do corte
se afoga no vermelho lânguido
que flui
descendente.

As lâminas retomam o trabalho sensorial,
sensuais sabres ordenados padres
trazem o Apocalipse.

Céu, arranha-céus, prédio, casa, campo, flor.
A verticalidade desemboca no oceano
e o sangue funde-se ao azul-marinho das sereias.

Adriano Narciso

Fotografia de Roland Barthes

4 comentários:

Mariana Dore disse...

Não é segredo que não me idetifico com o gênero subjetivo, mas sempre insisto emtentar entende-los!

;D

Mikas disse...

É o fim? Espero que seja o início. Beijo

Marta disse...

Muito bom!

Anónimo disse...

Nossa, que surpresa agradável ver que sou seguida por um blog que me toca tanto. Obrigada!