A Densidade dos Sistemas - um poema de Tiago Nené




















a densidade dos sistemas


[aos perfeccionistas]

o onde é demasiado denso para o quando,
o quando é demasiado denso para o quem,
o quem é demasiado denso para o o quê,
o o quê é demasiado denso para o porquê.
rejeitar as coisas que não tens
é acender o rastilho do tempo que resta,
a densidade comparativa dos sistemas
destruí-los-á um por um:
primeiro o espaço, depois o tempo, depois
o facto consumado, depois as dúvidas
e finalmente as explicações infundadas.
- e nós?
- nós acabaremos por subsistir no território
da alma, sem densidade alguma.

Tiago Nené
inédito

imagem de Evgeniya Kashina

6 comentários:

Lídia Borges disse...

Os perfeccionistas são sempre permeáveis à densidade dos sistemas.


Muito interessante!

Adriana Godoy disse...

Me lembrou Vinicius: " meu tempo é quando", gostei de suas considerações poéticas sobre o tempo e espaço. Beijo.

Allegra disse...

belíssimo!!!!!!!!!!

Gasolina disse...

O que é o Texto-Al?

É uma tertúlia. É um segredo. É uma folha em branco onde os sentidos se vão inscrevendo à medida da luz filtrada, da sonoridade das vozes com pausas, do pigarrear das emoções, dos relógios parados no tempo, das letras desfiadas ao sabor do apetece-me.

É TODO texto. É gentes com ALma.

Um beijo.



PS.: obrigado pela visita à Árvore. Daqui vou encantada.

EDUARDO POISL disse...

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”

(Fernando Pessoa)

Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho.
Abraços

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Laura Ferreira disse...

Obrigada pela visita ao meu canto.
Prometo que voltarei.
Um abraço,

Laura