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um poema
é dedos que já não são dedos.
osso apenas
mãos que escreveram poemas lidos
quando o poeta era poema
em potência
Há no poeta do poema
poemas de poetas distantes
mas ubíquos no corpo, dedos como deuses.
Há músicas que não se conhecem sequer
[são de outros poemas
ou de outros poetas]
Há um fosso
entre o poeta e o poema
uma construção vertiginosa do acaso
que se transpõe com um passo
porque o poema,
na sua essência, é o poeta.
Adriano Narciso
Pintura: Depois da orgia, de Cagnaccio di San Pietro
3 comentários:
Interessante o poema do poeta... Muito legal, bom.. gostei!
Um beijo e bom final de semana, CON
Agostinho da Silva defendia que somos poetas inteiros se conseguirmos ser poema...
mariabesuga,
foi essa frase que me levou a escrever o poema. Agostinho da Silva foi/é sem dúvida um dos maiores portugueses de sempre!
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