entre as ancas de um livro,
cem mãos sem dedos escrevem a vermelho mênstruo
a venérea ausência de cristo.
a ferida exacta.
o acto de rasgar,
tão perfeitamente desesperado,
é o sustento de um guião vascular para os lúcidos.
a criação suicida.
há quem não entenda as vocações terminais.
as ruínas fundadoras de homens.
a beleza incompleta,
em procissão de vinho pelas pernas,
invade-me a boca como forma de (a)deus.
só então me venho,
ali,
no cúmulo dos tecidos transactos
e estradas tolhidas,
celebrando a ilegal distribuição de vivos
por talvegues maternos atados ao parto
(para nem sempre respirar).
há quem não entenda as vocações terminais.
como infectar de amor a cadência líquida
da tua ascensão a árvore.
(imagem: pintura de Hieronymus Bosch)
4 comentários:
genial
-
recuei até natália correia
---
bjs
ana
"a ascenção a árvore"...difícil o poema...gostei.
sempre uma publicação bem-vinda, Duarte:)
T.
Vc é sensível e realmente poética naquilo que faz.
bjs.
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