Voz - um poema de Isa Mestre

Dói-me a tua ausência.
Queria dizer-te que quando o Outono acabar, saberei já como amar-te,
Saberei já como abraçar-te e dizer-te que tive saudades do teu sorriso,
Saberei já como apertar-te contra o peito e olhar-te sem demora.

Porém, hoje, não poderia escrever-te para que voltasses,
Os poetas não escrevem,
Sussurram.
Os poetas não suplicam,
Amam.
Os poetas nunca partem, e talvez nunca deixem partir.
Os poetas não são poetas, na verdade.
São vozes.

E é com a tua voz que te escrevo. A tua voz que grita dentro de mim.
(-Fica. Sinto-me só).
E eu fico, sentado a escrever. Então, ficamos os dois.
Sentados a escrever.

Isa Mestre

3 comentários:

Jacque disse...

Sim, os poetas são vozes! Vozes que susurram ao ouvido das almas!

Simplesmente divino este texto!

Beijo,

Jacque

continuando assim... disse...

a solidão colorida por um grito fininho...

:)

Babilonia disse...

Hermoso! Me encanta este poema.

Cumprimentos