SPACIBA
plantar de novo } o que ainda cresce,
nada divido } que tenha fome.
o que tem fome é auto-curativo,
o que é auto-curativo } cresce.
o que cresce é a divisão do tempo
pelo espaço } crescer em espaço
é uma boa ideia } crescer em tempo
é morrer }. plantar de novo
o que ainda cresce } é preferir um início
a um outro, hipotético, ameno, pouco
ameno, violento, auspicioso, de fidúcia }.
alguém me pisa as estrelas temporárias }
e nas algibeiras os dedos
parecem um veleiro sem segurança }.
planto-me de novo e a esta poesia
que urra sem olhos }. nada divido } não divido
a primavera como um todo
por onze jardins imaginários }.
vivo, afinal de contas vivo }. e uma navalha
corta fatias de sono e envia para as estrelas }.
o todo-sono assemelha-se a uma barra
de sésamo e mel rica em fibras,
cada bocado cortado corresponde a um sonho,
e as estrelas são os seus dormitórios póstumos.
depois morro por ser poético e adormece o dia }
e spaciba, spaciba, alguém diz,
sem noção de que {para continuar a crescer
sempre é preciso plantar-se de novo.}
inédito
fotografia de Miguel Apolinário
5 comentários:
Oi Sylvia, texto em linguagem poética bela e profunda, com apurado lirismo e imagens oníricas, transcendentais. Gostei muito ! Um abraço.
atenção texto-ais: dia 2 de Outubro temos "aquilo".
falta confirmar a Isa e o Narciso.
abraço
T.
Confirmado!
simplesmente____________gostei e __________muito!
obrigada!
Não conhecia a poetisa.
Dizem que o Algarve é terra de poetas.
Eis mais uma prova!
Cumprimentos meus
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