Pretérito Imperfeito

Lembras-me as velas
que ardem e
deixam cera de licor na pele:
um mar rúbeo de
tochas submersas como
sereias

Lembro-me
das vezes em que éramos
génese de romance de cordel
e os dias eram peça de teatro sem actos
E lembro-me
de o amor ser dogma
e o sol a encher e vazar
como onda ininterrupta entre duas praias.

Agora há só um quarto azul-baço
uma cadeira caída, cama desfeita.
as palavras são
perenes monólogos néscios
sem a metafísica das palavras que jurámos

E o poema sem sereias é apenas matéria.


Adriano Narciso

7 comentários:

nydia bonetti disse...

que poema, adriano... sabe que eu acho: todo pretérito é imperfeito.

EDUARDO POISL disse...

Muito lindo este poema.
Abraços

Úrsula Avner disse...

Olá Adriano, lindo texto numa linguagem poética admirável. Um abraço.

BAR DO BARDO disse...

Narciso, sou favorável às sereias. Mas devemos ter cuidado para não as fixar vis-a-vis - e com os ouvidos libertos para o caos...

Bom poema, Adriano!

Anónimo disse...

Selinho pra vc lá no meu blog!!!!!!!

Pedro Rodrigues disse...

Enorme poema, muito bom mesmo. Abraço

joao sena disse...

Olá, mtos parabéns
belo poema, bastante inspirador, voltarei mais vezes.
já estou seguindo o Blog.


Visitem o meu blog
www.joaomiguelsena.blogspot.com